Quiaios

Quiaios é uma freguesia muito antiga, pois a origem do seu nome pode estar ligada à reconquista de Coimbra e de Montemor aos mouros, situando-se entre os séculos IX e XII. Existem várias versões dessa mesma origem. Uma delas diz que D. Afonso Henriques, na sua luta contra os mouros para os expulsar do país, encontrando-os nesta povoação, chamou pelos seus acompanhantes e gritou bem alto: “Corramos sobre os moiros. Aqui há-os!”. É bem visível a origem do topónimo derivado desta contracção.
O topónimo Quiaios pode ser também de origem fenícia ou cartaginesa e a sua formação poderá ter sido: Qiqayon- Qiayon- Qiaionus- Kiaius- Quiaios.
A tradução da palavra pode ser Hera, Rícino ou Aboboreira, são todas designações de plantas.
Os primeiros registos desta povoação datam do século IX d.C. .
Já em 1122 outros documentos referem que a rainha D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, doou ao seu amante, D. Fernando (Fernão) Peres de Trava, o castelo de St.ª Eulália, o de Soure e a Vila de Quiaios, como recompensa pelos seus bons serviços.
Devido às discórdias entre mãe e filho, que inclusivamente resultaram na Batalha de S. Mamede, D. Afonso Henriques assume a governação do reino e expulsa de Quiaios o amante de sua mãe.
Graças à árdua tarefa que Paio Guterres desempenhou na Independência de Portugal, o rei doou-lhe em 1134 parte da vila de Quiaios. A outra parte foi doada ao Mosteiro de St.ª Cruz de Coimbra.
Mais tarde, a 23 de Agosto de 1514, no reinado de D. Manuel I, a vila de Quiaios recebe foral que certificava as obrigações e regalias da povoação.
O concelho de Quiaios é abolido em 1836 e aparece como freguesia do concelho de Maiorca em 1842. Quando este é extinto, em 31 de Dezembro de 1853, passou Quiaios a incluir-se no concelho da Figueira da Foz.
IGREJA MATRIZ
Dedicada ao padroeiro da vila, S. Mamede. Foi, em outros tempos, Matriz da Ordem dos Vigários e estavam a ela ligadas as igrejas de S. Teotónio de Brenha e Santa Cruz do Castelo de Redondos (Buarcos). Da ampliação de uma antiga capela, datada de 1635 surgiu a actual igreja. Já no interior da mesma, podemos constatar um letreiro indicando a data do termo das obras – 1659. A igreja contém algumas obras de pintura e de escultura. A nível da escultura pode observar-se no retábulo lateral esquerdo o Sagrado Coração de Jesus e no retábulo lateral direito, Nossa Senhora de Fátima, que “Visitou” esta igreja de 10 a 17 de Março de 1957. No que diz respeito à pintura, salienta-se uma tela, no altar-mor, pintada por um artista coimbrão, Luís Serra, do ano de 1893 e que representa S. Mamede. O tecto é feito de madeira, em caixotões. Encontra-se ainda um púlpito (do lado esquerdo), um coro alto e invulgares azulejos coloridos. Datam de 1787 e 1862 os sinos da torre da igreja.
  
A CAPELA DE NOSSA SENHORA DA GRAÇA
Situada no extremo Nordeste da povoação. Esta capela foi construída pelo sobrinho do Bispo de Coimbra, D. José Melo Mendonça, no século XIX. No interior destacam-se as esculturas de Nossa Senhora com o Menino, e a de S. Brás, ambas do século XV e a de Santa Luzia, do século XVII. Curioso é o facto de nesta terra terem existido cinco capelas, quando agora só existe esta.
Situada na serra da Boa Viagem encontra-se a CAPELA DE SANTO AMARO, que é datada do século XIX. Realiza-se uma romaria em honra de Santo Amaro no Domingo seguinte ao dia 15 de Janeiro.
A CAPELA DO SENHOR DOS AFLITOS
Situada no cimo da povoação da Murtinheira. No primeiro Domingo de Outubro organiza-se uma romaria em honra do seu patrono – Senhor dos Aflitos.
A CASA DA RENDA é um edifício setecentista localizado no centro da povoação. Funcionava como celeiro das Rendas Crúzias, daí a origem do seu nome. Hoje as instalações estão ocupadas pelo ATL, centro de dia e Lar da 3.ª idade.
Podem ver-se duas fontes e três lavadouros que ainda funcionam em Quiaios.
A fonte do Ribeiro, construída em 1840, tem uma nascente própria, e as suas águas vão regar a quinta e os fundigos.
As lavadeiras, antigamente lavavam a sua roupa em grandes pedras nas valas. Para secarem a roupa estendiam-na sobre a erva que hoje é o sítio do actual Jardim de Quiaios, construído em 20 de Maio de 1976. O lavadouro mais antigo, é o que se situa perto do mesmo Jardim, estando actualmente a ser transformado em Sala de Leitura.
A freguesia de Quiaios tem zonas de presenças pré-históricas na área da Serra da Boa Viagem, como é o caso dos dólmenes, que datam do quarto milénio a.C.. Salienta-se ainda a estação dos Pardinheiros onde se encontraram vestígios da Idade do Ferro, da Época Romana e da Idade Média. Este material foi, em parte, recolhido e estudado pelo arqueólogo Dr. Santos Rocha, nos finais do século XIX, os quais se podem observar no Museu Municipal da Figueira da Foz.
ORIGENS
São várias as versões que tentam explicar a origem do topónimo, mas sem¬pre relacionadas com a conquista do território aos mouros, liderada por D. Afonso Henriques.
Conta-se, então, que, andando D. Afonso Henriques à cata de mouros para os expulsar do País, e encontrando sinais deles nesta povoação, chamou pelos que o acompanhavam, dizendo alto, para que o ouvissem bem e viessem de pronto atacar os mouros `Aqui, aios!”. Outra versão diz que o rei bradou “Aqui há-os!”.
A história da freguesia está intimamente ligada às conquistas de Coimbra e Montemor, que decorreram entre os séculos IX e XI. No final do século IX, já Quiaios era uma vila rústica do território de Montemor. Em 1143, D. Afonso Henriques doou Quiaios, juntamente com Lavãos, ao seu Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, com o seu eclesiástico; esta foi a origem dos direitos do padroado local do dito mosteiro, que, se não encontrou alguma, construiu ou reedificou a Igreja de S. Mamede, devoção, aliás, antiquíssima, e que já deveria existir em Quiaios desde tempos mais remotos. D. Manuel I concedeu-lhe foral novo em 1514. Quiaios beneficiou igualmente do foral de Montemor-o-Velho, dado por D. Manuel em 1516. O concelho de Quiaios já existia em 1839.